Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão usando uma tecnologia aplicada na franquia “Avatar” para estudar o movimento de crianças com autismo.
O sistema de análise do movimento tridimensional funciona da seguinte forma: marcadores são colocados em pontos específicos do corpo das crianças, como articulações, e câmeras infravermelhas capturam a imagem em várias posições.
Esses registros são analisados e processados por softwares capazes de avaliar aspectos como postura, amplitude de movimento, velocidade a aceleração.
“No filme, usam a tecnologia para capturar o movimento dos atores e fazer com que a animação que eles criam por cima fique mais real, porque é um movimento real, e não desenhado. Aqui, nós usamos para analisar o movimento das crianças. A gente acredita muito que o movimento traz informações e diz sobre a história e as peculiaridades dos indivíduos”, explicou a fisioterapeuta e mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da UFMG Letícia Paes Silva.
Segundo ela, o estudo foi motivado pela observação do número crescente de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) encaminhadas para reabilitação terapêutica.
O objetivo é contribuir para a compreensão das dificuldades motoras enfrentadas por esse grupo, o que pode ser útil para identificá-las precocemente e monitorar a eficácia das intervenções realizadas.
“Alguns estudos têm mostrado que entender o movimento das crianças pode ser uma chave para um diagnóstico precoce lá na frente. A gente quer, primeiro, entender como são os movimentos e se é possível definir uma variável”, disse Letícia.
A etapa de coleta de dados, que consiste na avaliação das crianças, começou em janeiro de 2023 e está em fase final, mas ainda são necessários voluntários – principalmente meninas com autismo de 6 ou 7 anos, meninos autistas de 6 a 8 anos e meninos típicos de 7. Os pequenos precisam ir somente uma vez ao laboratório.
Até o momento, 47 crianças com e sem TEA já foram avaliadas. A expectativa é que o artigo com os resultados do estudo seja concluído em agosto.
Como inscrever crianças para a pesquisa
Para que as crianças possam participar do estudo, os pais ou responsáveis devem preencher um formulário ou agendar horário pelo WhatsApp. Todos os participantes receberão relatório com os resultados preliminares obtidos.
A pesquisa está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Análise de Movimento (LAM) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), em parceria com o Laboratório de Análise do Movimento Humano e Processamento de Sinais (Lamps) da Faculdade de Ceilândia, da Universidade de Brasília (FCE/UnB).