Após duas quedas consecutivas, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em Belo Horizonte subiu 1,5% em março em relação a fevereiro. Já frente ao mesmo período de 2023, a alta foi de 6,8%. O crescimento do indicador na capital mineira encerrou uma tendência de baixa observada no início deste ano e alcançou 97,9 pontos neste mês.
Os dados são do Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), com informações da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O levantamento mostra que houve aumento da intenção de consumo tanto para famílias com renda até 10 salários mínimos quanto para aquelas com rendimentos superiores, com altas de 1,4% e 1,2%, respectivamente.
O economista da Fecomércio MG, Gilson Machado, aponta que uma melhora geral da economia brasileira, como redução da taxa básica de juros (taxa Selic), inflação sob controle e crescimento do número de empregos formais, tem impulsionado a intenção de consumo das famílias em Belo Horizonte.
“O indicador tem certo decréscimo pontual nos meses de janeiro e fevereiro em função do período, porque consumidores ficam com expectativa do que vai acontecer no ano e em função de contas básicas, como o IPTU e IPVA. Então faz com que a intenção de consumo tende a desacelerar nesse período. Em março a gente já vê essa retomada”, comenta.
Endividamento cai em Belo Horizonte, mas permanece elevado
Na comparação anual, destaque para a perspectiva de consumo, com crescimento de 4,3% em relação ao último mês e de 14,2% comparado com o mesmo período do ano anterior. Para 72,2% das famílias de Belo Horizonte entrevistadas, o consumo nos próximos meses será igual ou superior ao do segundo semestre do ano passado.
Futuro da intenção do consumo das famílias em Belo Horizonte
Ainda segundo o levantamento da Fecomércio, entre os indicadores da intenção de consumo das famílias em Minas Gerais que estão em nível de satisfação, ou seja, acima dos 100 pontos, estão o emprego atual (124,3), perspectiva profissional (118,9), renda atual (112,4) e perspectiva de consumo (105,30).
Já entre os indicadores de insatisfação, abaixo dos 100 pontos, estão o acesso ao crédito (88), o nível de consumo (85,1) e o momento para duráveis (51,3), em que se avalia a perspectiva de aquisição de bens duráveis para a casa.
O economista da entidade observa ainda que, apesar da evolução positiva em alguns índices, como na perspectiva de consumo, outros estão em desaceleração, como o acesso ao crédito e o momento para bens duráveis.
Gilson Machado afirma que, embora a taxa de juros esteja em queda já há alguns meses, o impacto no acesso ao crédito é no médio prazo e a concessão de crédito não considera apenas a taxa Selic, mas outros fatores como inadimplência e custo da operação. “São fatores que ainda mantêm o acesso ao crédito mais elevado. E esse acesso também afeta o momento para duráveis, porque são bens mais elevados, a grande maioria requer crédito”, explica.
Mesmo assim, o economista aponta que as famílias de Belo Horizonte estão mais otimistas com a perspectiva de consumo no futuro, uma vez que a expectativa dos consumidores é de uma continuidade nos indicadores econômicos e, por consequência, melhores condições voltar a consumir.